sábado, abril 24, 2010

Madalena de Vilhena: a condenada


Suzana Borges como D. Madalena de Vilhena em "Quem és tu?" de João Botelho.
D. Madalena de Vilhena é, indubitavelmente, a personagem feminina da obra. É uma “mulher bem-nascida” pois o sangue que lhe corre nas veias é da família Vilhena, e cuja razão é dominada pelos sentimentos.
Esta personagem não se insere nos cânones da época clássica, em que vive, contrariamente a Manuel de Sousa Coutinho. D. Madalena de Vilhena é uma mulher que procura incansavelmente a felicidade, porém apenas encontra a felicidade imediata. Esta personagem tem o dom da aspiração vitalista de uma realização humana pouco usual.
Muito contrariamente a Manuel de Sousa Coutinho, o amor desta à Pátria é quase inexistente, apenas considerando a atitude dos governadores espanhóis como uma ofensa pessoal, não ultrapassando disso.
Para Madalena, a atitude da condessa de Vimioso (Acto II) é incompreensível pois não aceita que o sentimento do amor de Deus possa conduzir ao sacrifico do amor humano, terrestre, o amor carnal.
As personagens de Madalena de Vilhena e Manuel de Sousa Coutinho entram, em certa altura, em conflito pois esta, por seguro que o seu amor de mãe esteja, valoriza o amor de mulher opostamente a Manuel de Sousa Coutinho que valoriza mais o amor de pai.
Madalena preocupa-se com a sua condição social tal como a sua dignidade, porém tal não impediu que se apaixonasse por Manuel de Sousa Coutinho quando ainda era casada com D. João de Portugal.
Esta personagem também se destaca pela sua superstição acreditando que qualquer sinal é um indício para um “mal maior”, vivendo durante toda a obra aterrorizada pelo “fantasma” do seu primeiro marido – D. João de Portugal.
Texto original por Ovelha Negra.

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