sábado, abril 24, 2010

Frei Luís de Sousa: resumo.


A obra clássica “Frei Luís de Sousa” foi redigida pelo douto Almeida Garrett, sendo representado, pela primeira vez, em 1843 e só depois, em 1844, é publicado. Nesta primeira apresentação Garrett representa Telmo Pais, o fiel aio. É ainda hoje considerada uma obra-prima do teatro romântico e um dos primores da literatura portuguesa ao lado de tão magistrais obras como “Os Lusíadas” (Camões, Luís) ou mesmo “Os Maias” (Queirós, Eça)
A obra tem como contexto histórico a resistência lusitana face à dominação filipina, sendo baseada na vida de Frei Luís de Sousa (D. Manuel de Sousa Coutinho). No dia 4 de Agosto do ano de 1578, D. Sebastião, O desejado, desaparece na “funesta jornada em África” (eufemismo que designa a batalha de Alcácer Quibir) e, como não deixou legítimos sucessores do trono português, houve uma grande disputa pela sucessão. Entre os pretendentes (Duquesa de Bragança, D. António e D. Filipe II), o rei de Espanha (D. Filipe II) arrecadou o trono português anexando-o ao império espanhol, em 1580 (após dois anos de reino de D. Henrique, tio-avô de D, Sebastião).
A perda da independência portuguesa para Espanha durou 60 anos (1580-1640). Neste espaço de tempo, criou-se a crença do “Sebastianismo”. Esta fé caracterizava-se pela suposição do aparecimento do rei desaparecido, D. Sebastião, numa manhã de nevoeiro, para restaurar a independência de Portugal.
E aqui começa a acção: entre os desaparecidos da batalha encontra-se D. João de Portugal, o primeiro marido de Madalena de Vilhena.
Após 7 anos de espera por D. João (seu marido), Madalena de Vilhena decide casar com Manuel de Sousa Coutinho. Este casal forma um lar virtuoso onde cria a filha, Maria, uma jovem muito especial, culta, adulta, mas simultaneamente criança e fisicamente débil, juntamente com o seu amo, Telmo. Esta felicidade é só abalada com os agouros da doce Maria e de Telmo, fiel crente sebastianista que ainda aguarda por D. João de Portugal. Assim, Madalena vive sempre com o “fantasma” que a aterroriza constantemente: D. João de Portugal, cujo paradeiro é desconhecido e que Madalena ainda receia estar vivo, chegando mesmo a ficar “doente” quando o retrato de Manuel de Sousa aparece-lhe substituído pelo de D. João. No entanto a probabilidade de D. João de Portugal estar vivo é quase nula, mesmo assim existia uma verosimilhança.
Esta angústia omnipresente em Madalena de Vilhena durou 20 anos, pois, ao fim destes, D. João de Portugal retorna a Portugal, vivo, disfarçando-se de Romeiro da Palestina.
O desfecho é fascinante pois Maria morre “de vergonha” e os seus pais (Madalena de Vilhena e Manuel de Sousa Coutinho) morrem para o mundo tornando-se, respectivamente, Soror Madalena e Frei Luís de Sousa.


Texto original por Ovelha Negra

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