sábado, abril 24, 2010

Acto II: análise

A obra “Frei Luís de Sousa” foi publicada em 1844, sendo representada, pela primeira, em 1843. É, ainda hoje, um dos expoentes máximos da literatura portuguesa, escrito pelas mãos de Almeida Garrett em três actos.
Detalhadamente, o Acto II é composto por quinze cenas, neste documento único é possível visualizar a análise sobre cada uma das cenas deste acto.
Sendo assim, na cena I, o principal assunto é a conversa de Maria com Telmo centrada no interesse de Maria pelos três retratos que se encontram na sala, e “sabendo” já que um deles é D. João, primeiro marido de sua mãe, pretende que Telmo o confirme. Quanto a Madalena, encontra-se doente há oito dias e Manuel de Sousa Coutinho está escondido; Quanto aos sinais que indiciam o desenlace, nesta cena, é a citação de Maria dos primeiros versos da novela trágica “Menina e Moça” (“Menina e Moça que me levaram de casa de meu pai” – Bernardim Ribeiro), também a causa de doença de Madalena: a substituição do retrato de Manuel Sousa Coutinho, que ardeu no incêndio, pelo de D. João de Portugal, iluminado por uma tocha quando entra em seu palácio, sendo um “prognóstico” fatal de uma perda maior que se avizinha.
Relativamente à II (segunda) e à III (terceira) cena, o assunto é o mesmo, sendo que Manuel de Sousa, de visita a casa, revela a Maria a identidade da personagem representada no quadro e tece grandes elogios a D. João de Portugal; Porém, nos indícios que indicam o desenlace, nestas duas cenas, são diferentes. Assim, na segunda cena Maria continua febril e “sabe tudo” já na terceira cena Manuel Coutinho diz a Maria que aquela casa é quase um convento e que para frades de S. Domingos lhes falta apenas o hábito.
Em análise à cena IV (quatro), o assunto tratado é o anúncio, de Frei Jorge a Manuel Coutinho, da decisão dos governadores em esquecerem a sua atitude, Manuel, por sua vez, pretendo deslocar-se a Lisboa e Maria pede-lhe para o acompanhar, a fim de conhecer Soror Joana; nos sinais que indiciam o desfecho destaca-se Soror Joana (D. Joana de Castro e Mendonça) que fora casada com o Conde de Vimioso, D. Luís de Portugal e que, a certa altura da vida, decidem ambos professar.
Nas cenas V (cinco), VI (seis) e VII (sete), o assunto é agregado sendo que Madalena afirma estar já curada do seu mal (o terror de perder Manuel de Sousa) mas continua a mostrar-se nervosa, preocupada com a viagem que o marido realizará a Lisboa, receosa por ter de ficar sozinha; o sinal que denuncia o desenlace, na quinta cena, é quando Madalena toma consciência que estava numa sexta-feira (“Este dia de hoje é o pior…”), já a sexta cena sobressai por não apresentar nenhum sinal que indicia o desfecho. Por fim, na sétima cena Madalena despede-se do marido e da filha como se fosse para sempre, dizendo “Vão, vão… Adeus!”.
Madalena despede-se de D. Manuel de Sousa, no assunto da oitava cena, abraçando-o repetidamente como se ele fosse embora “num galeão para a Índia”. Também Frei Jorge, referindo-se a Soror Joana, diz que a perfeição verdadeira é a do Evangelho: “Deixa tudo e segue-me”; A acção de Madalena de Vilhena (ao não entender a atitude dos condes de Vimioso que se “enterraram vivos” depois de tantos anos de amor) determina um sinal do desenlace.
Na nona cena o assunto principal é o sentimento de Frei Jorge relativamente a uma desgraça que se aproxima; Esta cena não apresenta sinais que indiciam o desenlace.
Na cena seguinte, Madalena revela a Frei Jorge a razão que está na origem dos seus medos; amou Manuel de Sousa desde o primeiro instante em que o viu, era ainda casada com D. João, “pecando”, e teme agora ser castigada; Naquela sexta-feira, fazia anos que Madalena casara com D. João de Portugal, que D. Sebastião desaparecera na batalha de Alcácer-Quibir e que se apaixonara por Manuel de Sousa Coutinho, estas constatações são indícios que revelam o desenlace.
O assunto das cenas XI (onze), XII (doze) e XIII (treze) é idêntico, sendo que Miranda anuncia a chegada de um romeiro, vindo da Terra Santa, que deseja falar com Madalena. Ainda nestas cenas, Jorge e Madalena recebem o romeiro; O sinal que aponta ao desenlace é o facto de o Romeiro só dar o recado que traz da Palestina a Madalena. Por fim, e referindo que a cena doze não possui nenhum indício que aponte para o desfecho da cena, na cena treze, Frei Jorge pergunta ao Romeiro se é aquela fidalga com quem deseja falar, a resposta do Romeiro é: “A mesma.”, isto poderá indicar que ele a reconhece.
Na penúltima cena (XIV – décima quarta), o assunto tratado é o progressivo conhecimento do Romeiro, onde o próprio se vai dando a conhecer. Madalena fica aterrorizada ao saber que D. João está vivo, consequentemente, o seu casamento com Manuel de Sousa não existe e Maria é filha ilegítima, saindo de cena espavorida e gritando; Aqui atinge-se o clímax da acção ao saber-se que D. João de Portugal está vivo, sendo este o sinal que indicia o desenlace desta cena.
Finalmente, questionado por Jorge sobre a sua identidade, o romeiro responde-lhe: “Ninguém” mas aponta para o retrato de D. João de Portugal; Como desenlace ao Acto II e a esta cena, conhece-se que o Romeiro é D. João de Portugal.



Por: Flávio Lobo e Sérgio Rodrigues, adaptação da análise original “Frei Luís de Sousa – quadro-síntese” presente no manual “Português”, do ensino profissional, contendo os módulos 5, 6, 7, 8 das autoras Magalhães, Olga e Costa, Fernanda”

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