quinta-feira, maio 06, 2010
domingo, abril 25, 2010
Frei Luís de Sousa, visto de outras dimensões...
Almeida Garrett: a história
Sebastianismo em “Frei Luís de Sousa”
Quem se encarregará, pois, de dar corpo a tal mito? Telmo Pais, o velho aio de D. João e em cuja morte não acredita, e Maria, filha de D. Madalena de Vilhena e de Manuel de Sousa Coutinho, educada por Telmo.”
Sebastianismo
Portanto, este misticismo traduz-me num desacordo face à política vigente em Portugal, acreditando e propagando no facto do rei desaparecido ainda estar vivo e que viria reerguer o império português.
Finalmente, a independência portuguesa foi restaurada a 1 de Dezembro de 1649 por um grupo conspirador chefiado pelo Duque de Bragança (futuro rei D. João IV da dinastia Brigantina).
Foi então que o movimento começou a desvanecer, até desaparecer por completo.
Características românticas
Como é possível visualizar ao longo da obra, as cenas passam-se particularmente à noite ou de madrugada, havendo assim um certo culto pela obscuridade, pelas horas mais sombrias (“É no fim da tarde”, introdução no Acto I).
Também é possível conhecer a adoração pela “mulher-anjo”, personificada na personagem de Maria (“Abençoou-nos Deus na formosura, no ingenho, nos dotes admiráveis daquele anjo…”, Madalena no acto I, cena II).
O nacionalismo por parte de Manuel de Sousa Coutinho também está bastante presente na obra especialmente nas suas atitudes ("Ilumino a minha casa para receber os muito poderosos e excelentes governadores destes reinos", Manuel de Sousa Coutinho quanto ateia o fogo ao seu palácio, no acto I, cena XII).
Garrett também optou pela utilização de personagens imperfeitas, como o caso de D. Madalena que se apaixonou por Manuel de Sousa quando estava ainda casada com D. João e Telmo que tem que escolher entre Maria e D. João.
Também a religiosidade (os inúmeros chamamentos por Deus), os mitos e a superstição (principalmente Madalena, que acredita que qualquer sinal é “um prognóstico fatal”), e a infracção e pecado (nascimento de Maria) estão bem assinalados na obra.
Nesta peça é possível ver o confronto entre o individualismo e a sociedade, destacado pela decisão de Manuel de Sousa em relação a Maria, a ”filha do pecado” caso D. João estivesse vivo, o que invalidaria o seu casamento. Também é possível encontrar o confronto da liberdade e o destino na atitude de D. Madalena, que comete uma terrível infracção face à sociedade actual casando com D. Manuel e concebendo Maria como fruto dessa relação, e, consequentemente, o destino “castiga-a”. Castigo esse que é a morte, outra característica romântica, onde o escritor a usa como resolução de conflitos (morte de Maria).
“Come, Solitude” de Lacrimas Profundere
Em 2004 lançam o CD “Ave End”, contendo a faixa “Come, Solitude”. Um profundo e arrepiante ode à solidão na língua de Shakespeare, para ler com a prosa poética "Solidão" de Garrett.
Publicação adicional: “Flores sem fruto”
A prosa poética “Solidão” é constituída por três partes onde o autor se debruça sobre a solidão (“Solidão, eu me venho a ti, já não me quero senão no teu seio”) e o retorno à vida simplista baseada na natureza (“Por isso eu não quero viver mais com os homens”; “Silêncio dos bosque salve!”).
De seguida é possível ler a terceira parte de “Solidão”, uma prosa poética sublime, como pano de fundo uma solidão angustiante onde só é aliviada na natureza, com a fuga da sociedade, “dos homens”. Uma leitura magnificente de um escritor imponente.
Trago o coração oprimido, uma mão de ferro mo aperta.
O espinho da dor está cravado no meio dele; a angústia o torce sem piedade.
O afogo lhe travou das artérias; todo o peso da desgraça está em cima dele.
O meu sangue já não tem vida; e circula de mau grado pelas veias froixas.
Arde-me não sei que fogo no íntimo do peito: queria chorar e não tenho lágrimas.
Travam-me na boca os azedumes do passado; a aridez do futuro secou os meus olhos.
O que foi e o que há-de ser anda-me esvoaçando pela fantasia; são pensamentos de asas negras como o corvo agoureiro.
O momento que é desaparece no meio deles; porque não é nada.
O homem não tem senão o passado e o futuro: o passado para chorar e o futuro para temer.
O presente não é nada; é só o que ele sabe.
Já se esqueceu do passado e o futuro não lho disse Deus.
Eu vivo no futuro por uma esperança mais ténue que o fio da aranha; existo no passado porque ainda se me não foi o amargor dos tragos que bebi.
O presente está no meio, como o ponto no centro do círculo; mas sua existência é quimera.
Os raios que partem para a circunferência são reais: tal é a minha vida.
Daquele ponto imaginário tiro linhas verdadeiras para o que fui e para o que hei-de ser; todas vão parar na desgraça
Eu tive coração, amei; ainda o tenho, e amo.
Mas o meu amor fadou-o a desventura; bafejou-o o sopro do mal.
Fui planta que só lágrimas a regaram; o sol da felicidade não se riu para ela.
Deu flores outoniças que não desabrocharam: o granizo as acrestou e a geada lhes queimou os germes.
Não houve esperança de fruto; só o prazer, mas tão louco! de as colher sem ela.
Por isso está triste a minha alma; triste até à morte.
E os homens cuidam que sou feliz; e eu rego de noite o meu leito com as lágrimas dos olhos.
Porque a noite fez-se para chorar, quem tem que chorar; de dia o avisado mente e ri.
Por isso eu não quero viver mais com os homens; quero chorar de noite e de dia.
A cidade é para mim o deserto; a solidão é a minha pátria.
Solidão, eu te saúdo! silêncio dos bosque salve!
Acto I: análise
Na cena 3 Maria questiona Telmo sobre o romance que este lhe tinha prometido com D. Sebastião, Maria acredita que se o Rei D. Sebastião não morreu D. João de Portugal poderá ainda estar vivo, Maria sofre de tuberculose, uma peste que naquele período afectava Lisboa.
Seguindo-se a cena 4, Maria não percebeu a insegurança dos pais em relação ao regresso de D. Sebastião, sendo Maria dotada de uma grande imaginação (tem a doença que faz sonhar).
Na cena 5 e 6 Frei Jorge anuncia que a intenção dos governadores era instalarem-se na casa de Manuel de Sousa Coutinho, com o intuito de fugirem à peste que circulava em Lisboa, é anunciada a chegada de Manuel de Sousa Coutinho pela boca de Miranda.
Na cena 7 Manuel de Sousa decide que têm de se mudar para o palácio que fora de D. Sebastião, contando de seguida à família, com esta notícia Madalena fica aterrorizada.
Na cena 8 Madalena diz não querer voltar à casa de D. João de Portugal: para ela esta é uma questão de vida ou morte, mas Manuel de Sousa não compreende, seguindo-se um conflito. Para madalena a mudança para o palácio, era não só um regresso ao passado mas também um regresso do passado.
Nas cenas 9 e 10, a chegada da comitiva dos governadores a Almada é anunciada por Telmo, Manuel de Sousa certifica-se que esta tudo pronto para se mudarem para o “nova” casa.
Na cena 11, Manuel de Sousa incendeia a sua própria casa, e fala da morte do pai e do que poderia vir a acontecer-lhe, a ele, na sequência da sua atitude.
Na última cena deflagra o incêndio no palácio de Manuel de Sousa em que o retrato do próprio arde.
Por: Ana Magalhães, Maria Cerqueira e Sara Carvalho, adaptação da análise original “Frei Luís de Sousa – quadro-síntese” presente no manual “Português”, do ensino profissional, contendo os módulos 5, 6, 7, 8 das autoras Magalhães, Olga e Costa, Fernanda”.
sábado, abril 24, 2010
Acto II: análise
A obra “Frei Luís de Sousa” foi publicada em 1844, sendo representada, pela primeira, em 1843. É, ainda hoje, um dos expoentes máximos da literatura portuguesa, escrito pelas mãos de Almeida Garrett em três actos.
Detalhadamente, o Acto II é composto por quinze cenas, neste documento único é possível visualizar a análise sobre cada uma das cenas deste acto.
Sendo assim, na cena I, o principal assunto é a conversa de Maria com Telmo centrada no interesse de Maria pelos três retratos que se encontram na sala, e “sabendo” já que um deles é D. João, primeiro marido de sua mãe, pretende que Telmo o confirme. Quanto a Madalena, encontra-se doente há oito dias e Manuel de Sousa Coutinho está escondido; Quanto aos sinais que indiciam o desenlace, nesta cena, é a citação de Maria dos primeiros versos da novela trágica “Menina e Moça” (“Menina e Moça que me levaram de casa de meu pai” – Bernardim Ribeiro), também a causa de doença de Madalena: a substituição do retrato de Manuel Sousa Coutinho, que ardeu no incêndio, pelo de D. João de Portugal, iluminado por uma tocha quando entra em seu palácio, sendo um “prognóstico” fatal de uma perda maior que se avizinha.
Relativamente à II (segunda) e à III (terceira) cena, o assunto é o mesmo, sendo que Manuel de Sousa, de visita a casa, revela a Maria a identidade da personagem representada no quadro e tece grandes elogios a D. João de Portugal; Porém, nos indícios que indicam o desenlace, nestas duas cenas, são diferentes. Assim, na segunda cena Maria continua febril e “sabe tudo” já na terceira cena Manuel Coutinho diz a Maria que aquela casa é quase um convento e que para frades de S. Domingos lhes falta apenas o hábito.
Em análise à cena IV (quatro), o assunto tratado é o anúncio, de Frei Jorge a Manuel Coutinho, da decisão dos governadores em esquecerem a sua atitude, Manuel, por sua vez, pretendo deslocar-se a Lisboa e Maria pede-lhe para o acompanhar, a fim de conhecer Soror Joana; nos sinais que indiciam o desfecho destaca-se Soror Joana (D. Joana de Castro e Mendonça) que fora casada com o Conde de Vimioso, D. Luís de Portugal e que, a certa altura da vida, decidem ambos professar.
Nas cenas V (cinco), VI (seis) e VII (sete), o assunto é agregado sendo que Madalena afirma estar já curada do seu mal (o terror de perder Manuel de Sousa) mas continua a mostrar-se nervosa, preocupada com a viagem que o marido realizará a Lisboa, receosa por ter de ficar sozinha; o sinal que denuncia o desenlace, na quinta cena, é quando Madalena toma consciência que estava numa sexta-feira (“Este dia de hoje é o pior…”), já a sexta cena sobressai por não apresentar nenhum sinal que indicia o desfecho. Por fim, na sétima cena Madalena despede-se do marido e da filha como se fosse para sempre, dizendo “Vão, vão… Adeus!”.
Madalena despede-se de D. Manuel de Sousa, no assunto da oitava cena, abraçando-o repetidamente como se ele fosse embora “num galeão para a Índia”. Também Frei Jorge, referindo-se a Soror Joana, diz que a perfeição verdadeira é a do Evangelho: “Deixa tudo e segue-me”; A acção de Madalena de Vilhena (ao não entender a atitude dos condes de Vimioso que se “enterraram vivos” depois de tantos anos de amor) determina um sinal do desenlace.
Na nona cena o assunto principal é o sentimento de Frei Jorge relativamente a uma desgraça que se aproxima; Esta cena não apresenta sinais que indiciam o desenlace.
Na cena seguinte, Madalena revela a Frei Jorge a razão que está na origem dos seus medos; amou Manuel de Sousa desde o primeiro instante em que o viu, era ainda casada com D. João, “pecando”, e teme agora ser castigada; Naquela sexta-feira, fazia anos que Madalena casara com D. João de Portugal, que D. Sebastião desaparecera na batalha de Alcácer-Quibir e que se apaixonara por Manuel de Sousa Coutinho, estas constatações são indícios que revelam o desenlace.
O assunto das cenas XI (onze), XII (doze) e XIII (treze) é idêntico, sendo que Miranda anuncia a chegada de um romeiro, vindo da Terra Santa, que deseja falar com Madalena. Ainda nestas cenas, Jorge e Madalena recebem o romeiro; O sinal que aponta ao desenlace é o facto de o Romeiro só dar o recado que traz da Palestina a Madalena. Por fim, e referindo que a cena doze não possui nenhum indício que aponte para o desfecho da cena, na cena treze, Frei Jorge pergunta ao Romeiro se é aquela fidalga com quem deseja falar, a resposta do Romeiro é: “A mesma.”, isto poderá indicar que ele a reconhece.
Na penúltima cena (XIV – décima quarta), o assunto tratado é o progressivo conhecimento do Romeiro, onde o próprio se vai dando a conhecer. Madalena fica aterrorizada ao saber que D. João está vivo, consequentemente, o seu casamento com Manuel de Sousa não existe e Maria é filha ilegítima, saindo de cena espavorida e gritando; Aqui atinge-se o clímax da acção ao saber-se que D. João de Portugal está vivo, sendo este o sinal que indicia o desenlace desta cena.
Finalmente, questionado por Jorge sobre a sua identidade, o romeiro responde-lhe: “Ninguém” mas aponta para o retrato de D. João de Portugal; Como desenlace ao Acto II e a esta cena, conhece-se que o Romeiro é D. João de Portugal.
Por: Flávio Lobo e Sérgio Rodrigues, adaptação da análise original “Frei Luís de Sousa – quadro-síntese” presente no manual “Português”, do ensino profissional, contendo os módulos 5, 6, 7, 8 das autoras Magalhães, Olga e Costa, Fernanda”
Acto III: análise
O Romeiro (D. João) como não se sente bem naquela situação decide mandar alguém ir dizer a Manuel de Sousa que o peregrino, que anteriormente lhe disse que Maria não era sua filha, era um impostor.
No casamento de mãe de Maria (Madalena) com Manuel de Sousa, Maria aparece na cerimónia e exprime-se de uma forma violenta mostrando uma grande revolta contra o casamento de sua Mãe. O casamento acaba por não acontecer, quando o Romeiro confessa á frente de toda a gente que ele é o pai verdadeiro de Maria.
No desenlace do Acto Maria acaba por morrer de "vergonha" ao saber a verdade, e Manuel de Sousa e Madalena abandonam a vida civil dedicando-se a uma vida religiosa.
Por: Alexandra Magalhães e Márcia Meireles, adaptação da análise original “Frei Luís de Sousa – quadro-síntese” presente no manual “Português”, do ensino profissional, contendo os módulos 5, 6, 7, 8 das autoras Magalhães, Olga e Costa, Fernanda”
Análise dos actos e das cenas
Caracterização das personagens
Editora: Porto Editora
Data Publicação: 2006-08-17
D. João de Portugal (Romeiro): o "fantasma"
A sua presença é focada essencialmente por D. Madalena (que vive atormentada com ele), por Telmo (que crê no seu regresso) e por Maria (culto sebastianista pois acredita que se D. Sebastião aparecer o mesmo pode acontecer com D. João). Esta é a sua existência abstracta (Actos I e II)
A partir da cena XIII do II acto torna a sua existência concreta pois regressa a Portugal ao fim de 21 anos, depois de 20 penosos anos em cativeiro no continente africano e asiático, como Romeiro (porém a sua real identidade é só revelada no final do acto II).
Interfere, juntamente com Telmo, na entrada em hábito de Madalena e de Manuel de Sousa, tentando impedir que tal aconteça.
No fim, assiste à morte de Maria e à tomada de hábito de Madalena e Manuel.
Telmo Pais: o amo.
Este tem que escolher entre Maria, que ele próprio criou, e D. João de Portugal que criou de igual modo, porém, a este último deve a fidelidade de escudeiro.
Este, fiel amo, criado e maior amigo de D. João e que sofreu como ninguém aquando o seu desaparecimento. Opôs-se ao segundo casamento de Madalena de Vilhena refutando tal acto de infidelidade para com o seu amo, cuja morte sempre rejeitou a acreditar.
Passa o seu tempo a adorar e venerar D. João. E lentamente a imagem do desaparecido vai-se tornado rígida, nítida e, sobretudo, adorada. Com o tempo a adoração crescia.
Foi então que nasceu Maria, a filha do casamento rejeitado. E por força do destino, tornou-se seu amo, nascendo um novo amor.
E é aqui onde se dá o apogeu da sua personagem levantando questões: “Telmo poderá continuar a acreditar na morte de tão adorado amo?”, “Estará D. João vivo? E se estiver? Que será feito de Maria?”.
Durante muito tempo Telmo não se consciencializa destas contradições, limitando-se a amar Maria e D. João de Portugal.
No culminar da obra, Telmo apercebe-se que tudo seria mais fácil se o seu amo estivesse morto, pois o seu retorno transtorna-lhe a vida.
E é no fim que espalha que o Romeiro não passa de um impostor, é ele quem vai matar definitivamente o seu amor que durante tantos anos desejou que estivesse vivo. Assim, Telmo quer ser coerente com o seu passado criando uma imagem – a do escudeiro fiel – com a qual se mostra e qual o qual o próprio se vê. Porém esta máscara é quebrada…
Maria: a criança
Maria é o estereótipo de “mulher-anjo” pois é demasiadamente angelical para ser verdadeira.
Portanto, Maria é uma personagem contraditória pois revela demasiados comportamentos adultos para a sua tenra idade.Essas características de Maria são o seu culto sebastianista, o seu dom da profecia, a sua cultura, a coragem e é portadora de uma doença naquela época fatal – tuberculose.
Madalena de Vilhena: a condenada
Suzana Borges como D. Madalena de Vilhena em "Quem és tu?" de João Botelho.
Esta personagem não se insere nos cânones da época clássica, em que vive, contrariamente a Manuel de Sousa Coutinho. D. Madalena de Vilhena é uma mulher que procura incansavelmente a felicidade, porém apenas encontra a felicidade imediata. Esta personagem tem o dom da aspiração vitalista de uma realização humana pouco usual.
Muito contrariamente a Manuel de Sousa Coutinho, o amor desta à Pátria é quase inexistente, apenas considerando a atitude dos governadores espanhóis como uma ofensa pessoal, não ultrapassando disso.
Para Madalena, a atitude da condessa de Vimioso (Acto II) é incompreensível pois não aceita que o sentimento do amor de Deus possa conduzir ao sacrifico do amor humano, terrestre, o amor carnal.
As personagens de Madalena de Vilhena e Manuel de Sousa Coutinho entram, em certa altura, em conflito pois esta, por seguro que o seu amor de mãe esteja, valoriza o amor de mulher opostamente a Manuel de Sousa Coutinho que valoriza mais o amor de pai.
Madalena preocupa-se com a sua condição social tal como a sua dignidade, porém tal não impediu que se apaixonasse por Manuel de Sousa Coutinho quando ainda era casada com D. João de Portugal.
Esta personagem também se destaca pela sua superstição acreditando que qualquer sinal é um indício para um “mal maior”, vivendo durante toda a obra aterrorizada pelo “fantasma” do seu primeiro marido – D. João de Portugal.
Manuel de Sousa Coutinho: o eterno apaixonado.
Durante os três actos revela-se um homem patriota, corajoso e com a decisão de não sentir ciúmes pelo passado de Madalena.
Já no acto III, evidencia uma postura romântica caracterizada pela dor. A dor após a chegada do Romeiro (que mais tarde se revela D. João de Portugal), e que lhe faz desvanecer um pouco a razão pois exterioriza os seus sentimentos de uma forma complexa, contraditória (exemplo disso é o desejo pela morte da filha) e descontrolada.
Em suma, esta personagem é algo complexa evoluindo de uma personalidade de tipo clássico (Actos I e II) para uma personalidade tipicamente romântica (Acto III).
Frei Jorge: o conselheiro
Frei Jorge é irmão de Manuel Coutinho, dominicano, amigo da família, e é quem tenta manter um certo equilíbrio no meio de uma família gradualmente angustiada sendo o confidente nas horas de angústia, presenciando também as fraquezas de Manuel de Sousa Coutinho.
Texto original por Ovelha Negra.
Contexto histórico da obra
Assim, a obra “Frei Luís de Sousa” decorre em 1599, em pleno domínio filipino, passados 21 anos após a batalha de Alcácer Quibir (consultar simbologia). Desta forma, a acção em si decorre nos finais do século XVI, no entanto, a descrição do cenário do primeiro acto refere-se à distinção portuguesa nos primórdios do século XVII ("câmara antiga, ornada com todo o luxo e caprichosa elegância dos princípios do século XVII"), havendo aqui uma contradição temporal.
Mesmo assim, Garrett redige este teatro no século XIX (ano de 1844), fazendo a sua primeira representação privada em 1843.
Frei Luís de Sousa: resumo.
A obra clássica “Frei Luís de Sousa” foi redigida pelo douto Almeida Garrett, sendo representado, pela primeira vez, em 1843 e só depois, em 1844, é publicado. Nesta primeira apresentação Garrett representa Telmo Pais, o fiel aio. É ainda hoje considerada uma obra-prima do teatro romântico e um dos primores da literatura portuguesa ao lado de tão magistrais obras como “Os Lusíadas” (Camões, Luís) ou mesmo “Os Maias” (Queirós, Eça)
A obra tem como contexto histórico a resistência lusitana face à dominação filipina, sendo baseada na vida de Frei Luís de Sousa (D. Manuel de Sousa Coutinho). No dia 4 de Agosto do ano de 1578, D. Sebastião, O desejado, desaparece na “funesta jornada em África” (eufemismo que designa a batalha de Alcácer Quibir) e, como não deixou legítimos sucessores do trono português, houve uma grande disputa pela sucessão. Entre os pretendentes (Duquesa de Bragança, D. António e D. Filipe II), o rei de Espanha (D. Filipe II) arrecadou o trono português anexando-o ao império espanhol, em 1580 (após dois anos de reino de D. Henrique, tio-avô de D, Sebastião).
A perda da independência portuguesa para Espanha durou 60 anos (1580-1640). Neste espaço de tempo, criou-se a crença do “Sebastianismo”. Esta fé caracterizava-se pela suposição do aparecimento do rei desaparecido, D. Sebastião, numa manhã de nevoeiro, para restaurar a independência de Portugal.
E aqui começa a acção: entre os desaparecidos da batalha encontra-se D. João de Portugal, o primeiro marido de Madalena de Vilhena.
Após 7 anos de espera por D. João (seu marido), Madalena de Vilhena decide casar com Manuel de Sousa Coutinho. Este casal forma um lar virtuoso onde cria a filha, Maria, uma jovem muito especial, culta, adulta, mas simultaneamente criança e fisicamente débil, juntamente com o seu amo, Telmo. Esta felicidade é só abalada com os agouros da doce Maria e de Telmo, fiel crente sebastianista que ainda aguarda por D. João de Portugal. Assim, Madalena vive sempre com o “fantasma” que a aterroriza constantemente: D. João de Portugal, cujo paradeiro é desconhecido e que Madalena ainda receia estar vivo, chegando mesmo a ficar “doente” quando o retrato de Manuel de Sousa aparece-lhe substituído pelo de D. João. No entanto a probabilidade de D. João de Portugal estar vivo é quase nula, mesmo assim existia uma verosimilhança.
Esta angústia omnipresente em Madalena de Vilhena durou 20 anos, pois, ao fim destes, D. João de Portugal retorna a Portugal, vivo, disfarçando-se de Romeiro da Palestina.
O desfecho é fascinante pois Maria morre “de vergonha” e os seus pais (Madalena de Vilhena e Manuel de Sousa Coutinho) morrem para o mundo tornando-se, respectivamente, Soror Madalena e Frei Luís de Sousa.
Farm Film Festival: uma iniciativa louvável.
O Farm Film Festival é uma iniciativa por parte da turma de Técnico de Produção Agrária, 11º ano, com a coordenação do professor de português, Leonel Castro.
Assim, a região de Basto acolherá, em finais de Setembro, a primeira edição do Farm Film Festival, um festival dedicado à 7ª arte mas aplicada à ruralidade.
Após a ideia ser concebida, a turma em questão e o coordenador, trabalharam arduamente para o festival conseguindo os apoios da Câmara Municipal de Celorico e a Câmara Municipal de Mondim.
Após ser inicialmente apresentado no auditório da Escola Profissional de Fermil, passou-se então à apresentação pública no auditório de Celorico de Basto onde os resultados da adesão confirmam que a única barreira para a proliferação da cultura e para o desenvolvimento é a mentalidade...
Aqui é apresentada a hiperligação do blogue oficial da iniciativa onde é possível ver o decorrer da mesma: www.farmfilmfestival.blogspot.com.
terça-feira, abril 20, 2010
Escola Profissional de Fermil, Celorico de Basto: Breve Historial
"A Escola Secundária de Fermil de Basto foi criada em 1972 como Escola Técnica [...] com os Cursos Gerais de Agricultura, Formação Feminina, Mecânica e Electricidade, o que correspondia às necessidades da Região de Basto e às solicitações dos jovens de então.
Contudo, apenas o Curso Geral de Agricultura e de Formação Feminina funcionaram, pois a falta de oficinas e de equipamento impediram a existência dos restantes.
[...]
Posteriormente (1977), foi criada nesta Escola, a via profissionalizante -12º ano- Técnico de Agricultura- Agro Pecuária que dava acesso directo às Escolas Superiores Agrárias.
Em 1984, foram criados nesta Escola os Cursos Técnico Profissionais de Agro-pecuária [...] e em 1985 os Técnico-Profissionais Florestais (escola pioneira na criação deste curso).
Com a reforma do ensino, novamente se verificam profundas transformações na dinâmica da escola, com a criação em 1992 da Escola Profissional Agrícola de Fermil de Basto que, para servir a Região de Basto, surge com dois cursos de âmbito local - Técnico de Gestão Agrícola e Técnico Florestal. No ano lectivo seguinte 92/93, candidatou-se a dois novos cursos - Profissional de Técnico de Gestão Ambiental e Paisagístico e Técnico Agro- Florestal [...].
Em 1995 [...]a Escola Secundária de Fermil de Basto é convertida em Escola Profissional Agrícola de Fermil de Basto de natureza pública.
[...]
A Escola Profissional Agrícola de Fermil de Basto, tem diversificado a sua oferta de formação com o funcionamento dos cursos técnico de Turismo Ambiental e Rural e técnico de Gestão de Pequenas e Médias Empresas e Cooperativas e aspira alargar a sua actividade a outras áraes de qualificação, num futuro próximo.