domingo, abril 25, 2010

Características românticas

Na obra “Frei Luís de Sousa” é possível encontrar, como características românticas, o narcisismo, onde as personagens são construídas a partir de uma projecção. Projecção essa que Garrett transporta o seu problema de amor para D. Madalena e também o problema da filha ilegítima para Maria.
Como é possível visualizar ao longo da obra, as cenas passam-se particularmente à noite ou de madrugada, havendo assim um certo culto pela obscuridade, pelas horas mais sombrias (“É no fim da tarde”, introdução no Acto I).
Também é possível conhecer a adoração pela “mulher-anjo”, personificada na personagem de Maria (“Abençoou-nos Deus na formosura, no ingenho, nos dotes admiráveis daquele anjo…”, Madalena no acto I, cena II).
O nacionalismo por parte de Manuel de Sousa Coutinho também está bastante presente na obra especialmente nas suas atitudes ("Ilumino a minha casa para receber os muito poderosos e excelentes governadores destes reinos", Manuel de Sousa Coutinho quanto ateia o fogo ao seu palácio, no acto I, cena XII).
Garrett também optou pela utilização de personagens imperfeitas, como o caso de D. Madalena que se apaixonou por Manuel de Sousa quando estava ainda casada com D. João e Telmo que tem que escolher entre Maria e D. João.
Também a religiosidade (os inúmeros chamamentos por Deus), os mitos e a superstição (principalmente Madalena, que acredita que qualquer sinal é “um prognóstico fatal”), e a infracção e pecado (nascimento de Maria) estão bem assinalados na obra.
Nesta peça é possível ver o confronto entre o individualismo e a sociedade, destacado pela decisão de Manuel de Sousa em relação a Maria, a ”filha do pecado” caso D. João estivesse vivo, o que invalidaria o seu casamento. Também é possível encontrar o confronto da liberdade e o destino na atitude de D. Madalena, que comete uma terrível infracção face à sociedade actual casando com D. Manuel e concebendo Maria como fruto dessa relação, e, consequentemente, o destino “castiga-a”. Castigo esse que é a morte, outra característica romântica, onde o escritor a usa como resolução de conflitos (morte de Maria).
Texto original por Ovelha Negra.

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